quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O jejum e a abstinência na lei da Igreja.



Jejum e abstinência no Novo Código de Direito Canônico de 1983.


Os dias e períodos de penitência para a Igreja universal são todas as sextas-feiras de todo o ano e o tempo da Quaresma [Cânon 1250]. A abstinência de carne ou de qualquer outro alimento determinado pela Conferência Episcopal deve ser observada em todas as sextas, exceto nas solenidades. [Cânon 1251].
A abstinência e o jejum devem ser observados na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. [Cânon 1252]. A lei da abstinência vincula a todos que completaram 14 anos. A lei do jejum vincula a todos que chegaram à maioridade, até o início dos 60 anos [Cânon 1252]

Jejum e abstinência para a oração
O JEJUM E A ABSTINÊNCIA

 Com o intuito de fazer penitência por nossos pecados, de melhor nos dispor para a oração e de estar unidos aos sofrimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santa Igreja nos pede, nos tempos de penitência, que ofereçamos jejum e abstinência a Deus. 


O Jejum: 

Praticado desde toda a Antiguidade pelo povo eleito, como sinal de arrependi­mento, praticado por Nosso Senhor Jesus Cristo e por todos os santos, recomendado pela Santa Igreja como instrumento de santificação da alma, de controle do corpo e equilíbrio emocional, o jejum obrigatório foi sendo reduzido ao longo dos séculos. Quando devemos jejuar por obrigação? 

Na Quarta-feira de cinzas, abertura da Quaresma.

Na Sexta-feira Santa, dia da morte de Nosso Senhor.

No entanto, todos os católicos devem ter a mortificação e o jejum presentes em suas vidas ao longo do ano, principalmente durante o Advento, a Quaresma e nas Quatro Têmporas, tendo sempre o espírito mortificado, fugindo do excesso de conforto e prazeres e, na medida do possível, oferecendo alguns sacrifícios a Deus, seja no comer, no beber, nas diversões (televisão principal­men­te), nos desconfortos que a vida oferece (calor, trabalho, etc.), sabendo suportar os outros, tendo paciência em tudo. Assim sendo, mesmo não sendo obrigatório, continua sendo recomendado o jejum nas Quartas e Sextas da Quaresma e do Advento, guardando-se sempre o espírito pronto para as pequenas mortificações também nos demais dias. 


Quem deve jejuar? 

As pessoas maiores de 21 anos são obrigadas. Mas é evidente que os adolescentes podem muito bem oferecer esse sacrifício sem prejuízo para a saúde. Quanto às crianças menores, mesmo alimentando-se bem, devem ser orientadas no sentido de oferecer pequenos sacrifícios, e acompanhar a frugalidade das refeições. As pessoas doentes podem ser dispensadas (é sempre bom pedir a permissão ao padre).As pessoas com mais de sessenta anos não têm obrigação de jejuar, mas podem fazê-lo se não houver perigo para a saúde. 


Como jejuar nos dias de jejum obrigatório? 

-Café da manhã mais simples que de hábito: uma xícara de café puro, um pedaço de pão, uma fruta. 

- Almoço normal, mas sem carne (peixe pode), sem doces e sobremesas mais apetitosas, sem bebidas alcoólicas ou refrigerantes.

- No jantar, um copo de leite ou um prato de sopa, um pedaço de pão, uma fruta.


O Jejum Monástico (muito recomendado pelos Santos)

- Nesse tipo de jejum, deve-se comer pão quando se tem fome e beber água quando se tem sede. Apenas isso e nada mais. Não se trata de comer pão e beber água ao mesmo tempo. Pelo contrato: é preciso evitar isso. Nosso tipo de pão, quando comido com água, geralmente fermenta no estômago, provocando dor de cabeça. É melhor ir comendo aos poucos durante todo o jejum. Você vai perceber que, nesse dia, o pão adquire um novo sabor. Também se deve beber água várias vezes no decorrer do dia. O organismo precisa de água. Por isso, tome água, mesmo que você não tenha sede. O principal desse tipo de jejum é que você só coma pão e beba apenas água

São inúmeras as passagens das Sagradas Escrituras referentes ao jejum. 
Eis algumas poucas referências:II Reis XII,16 Tobias XII,8 Daniel I, 6-16 S. Mateus IV,1 S. Mateus VI, 17 S. Mateus XVII,20 Atos XIV,22 II Coríntios VI,5 

A Abstinência de carne

Dentro do mesmo espírito de mortificação, pede-nos a Santa Madre Igreja a mortificação de não comer carne às sextas-feiras, o ano todo, de modo a honrar e adorar a santa morte de Nosso Senhor. (ficam excluídas as sextas-feiras das grandes festas, segundo a orientação do padre).A abstinência ainda é praticada e, diferente do jejum, começa desde a adolescência, a partir dos quatorze anos.Nas sextas-feiras do ano, e mais ainda durante os tempos de penitência, saibamos oferecer esse pequeno sacrifício a Nosso Senhor. Se vamos a um restaurante, peçamos peixe (muitos restaurantes ainda hoje servem pratos de peixe nas sextas-feiras).

O Jejum eucarístico

O jejum eucarístico é o fato de se comungar sem nenhum alimento comum no estômago, em honra à Santíssima Eucaristia.O espírito do jejum eucarístico é de receber a Santa Comunhão como primeiro alimento do dia. Quando o Papa Pio XII modificou a disciplina do jejum eucarístico, devido à guerra, salientou que todos os que podiam deviam praticar esse jejum, chamado natural : só tomar alimento depois da comunhão. Quem assiste à Santa Missa cedo pode, muitas vezes, praticar esse jejum.Apesar da lei eclesiástica em vigor determinar apenas uma hora antes da comunhão para o jejum eucarístico, todos os padres sérios pedem a seus fiéis que se esforçem para deixar três horas, visto que uma hora não chega a ser nem mesmo um sacrifício.Caso as crianças ou pessoas debilitadas precisarem tomar algo antes da comunhão, com menos de três horas, procurem, ao menos, tomar apenas líquido, um copo de leite, por exemplo. Porém, tendo se alimentado com menos de uma hora antes da hora da comunhão, não se deve, de modo algum, se aproximar da Sagrada Mesa.



O jejum, a abstinência e o confessionário

Como o jejum e a abstinência fazem parte dos mandamentos da Igreja, devemos nos empenhar para praticá-los por amor de Deus. Caso haja alguma negligência ou fraqueza da nossa vontade que nos leve a quebrar o santo jejum ou a abstinência, devemos nos arrepender por não termos obedecido ao que nos ordena nossa Santa Madre Igreja, confessando-nos por termos assim ofendido a Deus.Nos casos de esquecimento, devemos substituir essa obra por outra equivalente, como fazer o jejum em outro dia, rezar um terço, etc.É sempre bom lembrar que a água pura não quebra o jejum.As pessoas inclinadas à mortificação e ao jejum não devem nunca determinar um aumento de penitência sem o consentimento explícito do sacerdote responsável. 

O demônio usa muito o excesso de penitência corporal para enfraquecer a alma. 
Tudo fazer na obediência.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Convertei-vos e Crede no Evangelho!

Veja a Pregação: 
Quaresma! Se alimente da palavra de Deus! 
Pe. José Augusto



Na linguagem corrente, a Quaresma abrange os dias que vão da Quarta-feira de Cinzas até ao Sábado Santo. Contudo, a liturgia propriamente quaresmal começa com o primeiro Domingo da Quaresma e termina com o sábado antes do Domingo da Paixão.

A Quaresma pode se considerar, no ano litúrgico, o tempo mais rico de ensinamentos. Lembra o retiro de Moisés, o longo jejum do profeta Elias e do Salvador. Foi instituída como preparação para o Mistério Pascal, que compreende a Paixão e Morte (Sexta-feira Santa), a Sepultura (Sábado Santo) e a Ressurreição de Jesus Cristo (Domingo e Oitava da Páscoa).

Data dos tempos apostólicos a Quaresma como sinônimo de jejum observado por devoção individual na Sexta-feira e Sábado Santos, e logo estendido a toda a Semana Santa. Na segunda metade do século II, a exemplo de outras igrejas, Roma introduziu a observância quaresmal em preparação para a Páscoa, limitando porém o jejum a três semanas somente: a primeira e quarta da atual Quaresma e a Semana Santa. 

A verdadeira Quaresma com os quarenta dias de jejum e abstinência de carne, data do início do século IV, e acredita-se que, para essa instituição, tenham influído o catecumenato e a disciplina da penitência pública.

O jejum consistia originariamente numa única refeição tomada à tardinha; por volta do século XV tornou-se uso comum o almoço ao meio-dia. Com o correr dos tempos, verificou-se que era demasiado penosa a espera de vinte e quatro horas; foi-se por isso introduzindo o uso de se tomar alguma coisa à tarde, e logo mais também pela manhã, costume que vigora ainda hoje. O jejum atual, portanto, consiste em tomar uma só refeição diária completa, na hora de costume: pela manhã, ao meio-dia ou à tarde, com duas refeições leves no restante do dia.

A Igreja prescreve, além do jejum, também a abstinência de carne, que consiste em não comer carne ou derivados, em alguns dias do ano, que variam conforme determinação dos bispos locais. 

No Brasil são dias de jejum e abstinência a quarta-feira de cinzas e a sexta-feira santa. Por determinação do episcopado brasileiro, nas sextas-feiras do ano (inclusive as da Quaresma, exceto a Sexta-feira Santa) fica a abstinência comutada em outras formas de penitência.

Praticar a abstinência é privar-se de algo, não só de carne. Por exemplo, se temos o hábito diário de assistir televisão, fumar, etc, vale o sacrifício de abster-se destes itens nesses dias. A obrigação de se abster de carne começa aos 15 anos. A obrigação de jejuar, limitando-se a uma refeição principal e a duas mais ligeiras no decurso do dia, vai dos 21 aos 59 anos. Quem está doente (isto também vale para as mulheres grávidas) não está obrigado a jejuar.

“Todos pecamos, e todos precisamos fazer penitência”, afirma São Paulo. A penitência é uma virtude sobrenatural intimamente ligada à virtude da justiça, que “dá a cada um o que lhe pertence”: de fato, a penitência tende a reparar os pecados, que são ultrajes a Deus, e por isso dívidas contraídas com a justiça divina, que requer a devida reparação e resgate. Portanto, a penitência inclina o pecador a detestar o pecado, a repará-lo dignamente e a evitá-lo no futuro.





A obrigatoriedade da penitência nasce de quatro motivos principais, a saber:

 - Do dever de justiça para com Deus, a quem devemos honra e glória, o que lhe negamos com o nosso pecado;

- da nossa incorporação com Cristo, o qual, inocente, expiou os nossos pecados; nós, culpados, devemos associar-nos a ele, no Sacrifício da Cruz, com generosidade e verdadeiro espírito de reparação.

- Do dever de caridade para com nós mesmos, que precisamos descontar as penas merecidas com os nossos pecados e que devemos, com o sacrifício, esforçar-nos por dirigir para o bem as nossas inclinações, que tentam arrastar-nos para o mal;

- do dever de caridade para com o nosso próximo, que sofreu o mau exemplo de nossos pecados, os quais, além disso, lhe impediram de receber, em maior escala, os benefícios espirituais da Comunhão dos Santos.



Vê-se daí quão útil para o pecador aproveitar o tempo da Quaresma para multiplicar suas boas obras, e assim dispor-se para a conversão.

Segundo os Santos Padres, a Quaresma é um período de renovação espiritual, de vida cristã mais intensa e de destruição do pecado, para uma ressurreição espiritual, que marque na Páscoa o reinício de uma vida nova em Cristo ressuscitado.

A Quaresma tem por escopo primordial incitar-nos à oração, à instrução religiosa, ao sacrifício e à caridade fraterna. Recomenda-se por isso a freqüência às pregações quaresmais, a leitura espiritual diária, particularmente da Paixão de Cristo, no Evangelho ou em outro livro de meditação.

O jejum e abstinência de carne se fazem para que nos lembremos de mortificar os nossos sentidos, orientando-os particularmente ao sincero arrependimento e emenda de nossos pecados.

A caridade fraterna — base do Cristianismo — inclui a esmola e todas as obras de misericórdia espirituais e corporais.




MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
PARA A QUARESMA DE 2013
 



Crer na caridade suscita caridade
«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (
1 Jo 4, 16)  



Queridos irmãos e irmãs! 

A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros. 

1. A fé como resposta ao amor de Deus

Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo João: "Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele" (1 Jo 4, 16), recordava que, "no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um 'mandamento', mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro" (Deus caritas est, 1). A fé constitui aquela adesão pessoal - que engloba todas as nossas faculdades - à revelação do amor gratuito e "apaixonado" que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: "O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no ato globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está 'concluído' e completado" (ibid., 17). Daqui deriva, para todos os cristãos e em particular para os "agentes da caridade", a necessidade da fé, daquele "encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor" (ibid., 31). O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor - "caritas Christi urget nos" (2 Cor 5, 14) - , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus.

"A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! (...) A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz – fundamentalmente, a única - que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir" (ibid., 39). Tudo isto nos faz compreender como o procedimento principal que distingue os cristãos é precisamente "o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado" (ibid., 7).

2. A caridade como vida na fé

Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus. A primeira resposta é precisamente a fé como acolhimento, cheio de admiração e gratidão, de uma iniciativa divina inaudita que nos precede e solicita; e o "sim" da fé assinala o início de uma luminosa história de amizade com o Senhor, que enche e dá sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se contenta com o nosso acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20).

Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu amor significa deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n'Ele e como Ele; só então a nossa fé se torna verdadeiramente uma "fé que atua pelo amor" (Gl 5, 6) e Ele vem habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12).

A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é "caminhar" na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30).

3. O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade

À luz de quanto foi dito, torna-se claro que nunca podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade. Estas duas virtudes teologais estão intimamente unidas, e seria errado ver entre elas um contraste ou uma "dialética". Na realidade, se, por um lado, é redutiva a posição de quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé. Para uma vida espiritual sã, é necessário evitar tanto o fideísmo como o ativismo moralista.

A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1-4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e ação, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De fato, por vezes tende-se a circunscrever a palavra "caridade" à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o "serviço da Palavra". Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal fator de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf. Enc. Caritas in veritate, 8).

Essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o Amor. O amor gratuito de Deus é-nos dado a conhecer por meio do anúncio do Evangelho. Se o acolhermos com fé, recebemos aquele primeiro e indispensável contato com o divino que é capaz de nos fazer "enamorar do Amor", para depois habitar e crescer neste Amor e comunicá-lo com alegria aos outros.

A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: "É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas ações que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos" (2, 8-10). Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente. A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.

4. Prioridade da fé, primazia da caridade

Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem para a ação do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito que em nós clama:"Abbá! – Pai!" (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: "Jesus é Senhor!" (1 Cor 12, 3) e "Maranatha! – Vem, Senhor!" (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20).

Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5).

A relação entre estas duas virtudes é análoga à que existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Batismo e a Eucaristia. O Batismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento humilde da fé ("saber-se amado por Deus"), mas deve chegar à verdade da caridade ("saber amar a Deus e ao próximo"), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13).

Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre cada um e sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!

Vaticano, 15 de Outubro de 2012


BENEDICTUS PP. XVI


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Os Cardeais se reunirão em Conclave para Eleição do novo Pontífice.

MEDIDAS PRÓXIMAS A SEREM TOMADAS

Segundo o porta-voz do Vaticano, a Santa Igreja deve ter um novo Papa até a festa da Páscoa, no próximo dia 31 de março: “Temos de ter um novo Papa na Páscoa”, afirmou. O conclave deve ser realizado de 15 a 20 dias após a renúncia.
No Código de Direito Canônico, no artigo 332.2, se prevê a possibilidade de um papa renunciar, mas precisa fazê-lo por sua livre vontade, e não é necessário que sua renúncia seja aceita por ninguém. Segundo o código, uma vez tendo renunciado, o papa não pode mais voltar atrás.
Após a renúncia ou morte do papa, os assuntos da Santa Igreja ficam sob a responsabilidade do Cardeal Decano ou Camerlengo, no caso atual será o Cardeal Decano do Colégio Cardinalicio:



O Decano do Colégio dos Cardeais: 
Sua Eminência Reverendíssima Dom Angelo Cardeal Sodano.




O Cardeal Secretário de Estado Carmerlengo da Câmara Apostólica: 
Sua Eminência Reverendíssima Dom Tarcisio Cardeal Bertone.

Ele convocará o conclave, reunindo todos os cardeais da Igreja Católica no Vaticano. Eles ficarão isolados em celas particulares e se reunirão na Capela Sistina duas vezes por dia para votar, durante o tempo que for necessário para a eleição do novo Pontífice. O voto é secreto. A votação é feita em papel. Para que um papa seja eleito o candidato deverá ter a maioria dos votos, ou seja, metade mais um. Depois de cada sessão, os papéis da votação são queimados. Se não houver uma definição, uma substância química é adicionada aos papéis para produzir uma fumaça escura, que sai pela famosa chaminé que poderá ser avistada da Praça de São Pedro. Se houver uma definição, a fumaça é branca. Assim sendo, reviveremos novamente a emoção de ouvir na sacada principal da Basílica Vaticana: ‘Habemus Papam!’

CASOS DE RENÚNCIA DE PONTIFICADO

A notícia-supresa da renúncia de Bento XVI nos fazem lembrar que não é a primeira vez que isto acontece: em 235 Ponciano renunciou ao pontificado; Silvério em 537; João XVIII em 1009; Bento IX em 1045; em 13 de dezembro de 1294 Celestino V; em 4 de junho de 1415 Gregório XII.



Papa Celestino V

Depois da morte de Nicolau IV, ao longo de mais de dois anos os cardeais não conseguiram chegar a um acordo quanto à escolha de seu sucessor, por conta das divisões entre as facções dos Collona, dos Orsini e dos Anjou. Roberto Monge, em seu ‘Dois Mil anos de Papas’, afirma que em 1294 a escolha recaiu sobre o nome de Pietro Del  Morrone. O seu nome de batismo era Pietro Angeleri. Nasceu no seio de uma família humilde de camponeses da região dos Abruzos, e com 20 anos ingressou no mosteiro beneditino de Faifoli, perto de Benevento.
Foi ordenado sacerdote ainda jovem. Em 1245 tinha se retirado para a Maiella, onde deu origem a uma ordem religiosa, a Ordem dos Celestinos, e que abraçava a regra de São Bento, mas de um modo mais rígido e austero. Foi aí que uma delegação de Cardeais veio ao seu encontro para lhe comunicar que fora eleito para o trono pontifício. Depois de muito pensar, em obediência à vontade divina e talvez na esperança de poder renovar a Igreja, Pietro Del Morrone aceitou a nomeação, e sob o nome de Celestino V foi consagrado na Igreja de Santa Maria de Collemaggio (em Áquila), a 29 de agosto de 1294. A fim de que não se repetisse no futuro uma tão longa vacância da Santa Sé, o novo Papa restabeleceu as disposições de Gregório X quanto ao conclave.
Em breve, porém, esmagado pelo peso dos assuntos da Cúria, constatando que os seus esforços de moralização continuavam sem produzir efeito, e amargurado com as baixas intrigas que se praticavam na corte papal, renunciou aos seus projetos de reformar a Igreja numa direção evangélica. A 13 de dezembro de 1294, convocou um consistório em que anunciou a sua renúncia formal ao papado, dando ao colégio dos Cardeais a plena faculdade de eleger um novo pastor para a Igreja. Depois se despojou das insígnias pontifícias e voltou a vestir os hábitos monásticos. O seu regresso à vida de eremita levantou um enorme clamor.  Celestino V voltou para o seu deserto, na Maiella, para se dedicar à oração e à mortificação. Ele morreu no dia 19 de maio de 1296, e foi sepultado na igreja de Santa Maria de Collemaggio, em Áquila, onde tinha sido coroado papa. Em 1313 foi canonizado pelo Papa Clemente V.


Visita de Bento XVI a Sulmona - Itália em 4 de julho de 2010, por conta do 8º centenário de nascimento de Celestino V. Na ocasião o Papa doou seu antigo pálio, depositando-o sob o caixão de vidro com as relíquias de Celestino.

Papa Gregório XII


Ângelo Correr nasceu em Veneza em 1325, numa nobre e antiga família.  Foi Bispo de Veneza, delegado papal em Nápoles e Cardeal presbítero de São Marcos.  Foi eleito Papa aos 80 anos de idade, a 30 de novembro de 1406, e a consagração ocorreu a 19 de dezembro.  Ângelo tomou o nome de Gregório XII. Passados poucos dias divulgou a intenção, já expressa no Sacro Colégio antes de sua eleição, de renunciar ao trono papal para pôr fim ao Cisma do Ocidente, se ao mesmo tempo renunciasse também o antipapa Bento XIII, que continuava a reinar em Avignon. Na prática, nenhum dos dois abdicou.
Reunido em Pisa em 1409, o Sacro Colégio decidiu então depor quer Bento XIII, quer Gregório XII, e elegeu papa Alexandre V. Isto não só não resolveu o cisma como ainda o agravou mais: agora havia não apenas dois, mas três Papas. Alexandre V, de seu nome Pedro Filargo, nascera em Gândia, numa família muito pobre. Os franciscanos acolheram-no e deram-lhe estudos. As suas qualidades intelectuais levaram-no a frequentar as Universidades de Oxford e Paris. Galeazzo Visconti, impressionado com a sua vasta erudição, convidou-o a ser professor e teólogo da Corte. Foi mais tarde nomeado Cardeal Bispo de Milão por Inocêncio VII.
Ao morrer Alexandre em 1410, sucedeu-lhe Baldassarre Cossa, com o nome de João XXIII. Natural de Nápoles tinha sido Arcebispo de Bolonha e Bispo de Isquia antes de Gregório XII o nomear Cardeal.
Para resolver a questão das nomeações papais, pediu-se a intervenção do Rei da Alemanha. Sigismundo convocou um Concílio em Constança, (1414-1418). Gregório XII fez chegar a este Concílio, através de um delegado, a sua disponibilidade para renunciar, condicionada apenas pela renúncia simultânea de Bento XIII e João XXIII
Alguns Cardeais, recorrendo à teoria da superioridade do Concílio sobre o Papa, e levando em consideração a disponibilidade anunciada por Gregório XII, decidiram exercer a sua autoridade para depor quer João XXIII, quer Bento XIII, que devem ser assim considerados antipapas. Gregório XII apresentou a sua própria demissão a 4 de julho de 1415, o que permitiu a eleição do Papa Martinho V, pondo fim ao Cisma do Ocidente.
Gregório foi recompensado com a nomeação para Bispo do Porto (Sicília) delegado perpétuo/ vitalício da Marca de Ancona e Decano do Sacro Colégio. Retirou-se para Recanati, onde morreu a 18 de outubro de 1417, algumas semanas antes da eleição do novo Papa Martinho V. Foi sepultado na catedral de Recanati.

Obrigado Santo Padre!



Surpresa e humildade: Bento XVI anuncia sua renúncia como Papa.



Eis as palavras com que o Papa Bento XVI anunciou a sua decisão:

Caríssimos Irmãos,

Convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.

BENEDICTUS PP. XVI


Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.

Fonte: Radio Vaticano


Os noticiários estão comentando que o Papa Bento XVI, por razões de saúde e de idade, decidiu renunciar ao Papado, tendo em vista se sentir sem saúde necessária para cumprir sua árdua missão, que exige intenso trabalho diário, muitas viagens, audiências, discursos, etc.



Toda a Igreja Católica, e também os não católicos, são testemunhas da grandeza deste homem que deu sua vida pela Igreja. Antes de tudo o nosso agradecimento a Deus por tão grande dádiva para a Igreja. Durante 25 anos ele foi Prefeito da Congregação da Fé da Santa Sé, auxiliar fiel e dedicado ao Papa João Paulo II. Deus seja louvado por Bento XVI!

A renúncia do Papa é algo legal, prevista no Código de Direito Canônico da Igreja, que diz no Cânon 187 – “Qualquer um, cônscio de si, pode renunciar a um ofício eclesiástico por justa causa”.

O pedido de renúncia deve ser feito à autoridade superior; mas, como na Igreja não há autoridade superior ao Papa, seu pedido de renúncia é suficiente para consumar sua decisão.

É uma decisão corajosa, lúcida e coerente do Papa Bento XVI, pois ele mesmo disse ao jornalista Peter Seewald, em uma entrevista, que poderia renunciar se um dia chegasse a conclusão que não tinha mais condições de governar a Igreja. Este gesto mostra a sua coerência e a certeza de que quem governa a Igreja é Jesus Cristo e que o Espírito Santo é quem guia e assiste o Papa, seja ele quem for, legitimamente eleito.

Na história da Igreja três papas já renunciaram. Ponciano (230-235), em porque foi exilado para a Sicília, juntamente com o antipapa Hipólito, pelo Imperador romano Magno, onde ambos morreram mártires. Durante o exílio o Papa Ponciano renunciou em 28/9/235 para que a Igreja pudesse eleger seu sucessor.

O Papa Celestino V (1294), que foi monge beneditino e eremita, renunciou porque estava em idade avançada, mais de oitenta anos. Gregório XII, em (13/12/1924) renunciou com mais de oitenta anos para que a Igreja chegasse ao fim do chamado Cisma do Ocidente, quando a Igreja tinha um Papa legítimo (Gregório XII), mas havia dois antipapas.

A Igreja vai continuar sua caminhada e missão na terra, levando o Evangelho a todas as nações. Teremos um novo Conclave, a eleição de um novo Papa, como dizia Santa Catarina de Sena, o “Doce Cristo na Terra”.




Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela! 

Eis e Promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Oremos pela Santa Igreja de Deus!




Aparição de Nossa Senhora de Salette - França - 1846.


APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA
EM LA SALETE - França - 1846.

Onde aconteceu: Na França.

Quando: Em 1846.

A quem: Aos videntes, Maximino Giraud e Mélanie Calvat.


História da Aparição.


Um menino de nome Maximino Giraud, de onze anos, e Mélanie (Mélanie) Calvat, de quinze, estavam cuidando do gado. Mélanie estava acostumada e treinada nesse tipo de trabalho desde os nove anos, mas tudo era novo para Maximino. Seu pai lhe havia pedido que fosse fazer esse serviço como ato generoso, para cooperar com o amigo que estava com o pastor adoentado.

Relata Mélanie:

No dia 18 de setembro de 1846, véspera da Aparição da Santíssima Virgem, eu estava sozinha, como sempre, cuidando do gado do meu patrão; por volta de onze horas vi um menino que se aproximava. Por um momento tive medo, pois achava que todos deviam saber que eu evitava todo tipo de companhia. O menino se aproximou e me disse:

"Ei menina, vou contigo, sou de Corps". A estas palavras minha malícia natural se mostrou e lhe disse: "Não quero ninguém perto de mim. Quero ficar sozinha". Mas ele, senguindo-me, disse: "Meu patrão me enviou aqui para que cuide do gado contigo. Venho de Corps". Afastei-me dele, agastada, dando-lhe a entender que não queria ninguém por perto. Quando estava a certa distância, sentei-me na grama. Normalmente, dessa forma conversava com as florzinhas ou ao Bom Deus.

Depois de um momento, atrás de mim estava Maximino sentado e diretamente me disse: "Deixa-me ficar contigo, me comportarei muito bem". Embora contra minha vontade e sentindo-me incomodada por Maximino, permiti que ficasse. Ao ouvir os sinos de la Salette para o Ângelus, disse-lhe para elevar sua alma a Deus. Ele tirou o chapéu e se manteve em silêncio por um momento. Logo comemos e brincamos juntos. Quando caiu a tarde descemos a montanha e prometemos voltar ao dia seguinte para levar o gado novamente.

No dia seguinte, sábado, 19 de setembro de 1846, o dia estava muito quente e os dois jovenzinhos concordaram em comer seu almoço em um lugar sombreado. Contrariamente a seu costume, eles se estendem sobre a relva... e adormecem. O tempo passa!... Mélanie foi a primeira a despertar:

"Maximino, Maximino, vem depressa, vamos ver nossas vacas... Não sei onde andam!".

Rapidamente sobem a ladeira. Voltando-se, têm diante de si toda a pradaria: as vacas lá estão ruminando calmamente. Os dois pastores se tranquilizam. Mélanie começa a descer. A meio caminho se detém imóvel e pergunta a Maximino se não vê o que ela estava vendo:

"Maximino, olha lá, aquele clarão!".

Maximino corre gritando:

"Onde? Onde?"

Mélanie estende o dedo para o fundo do vale onde haviam dormido. O clarão se mexia e se agitava, como dividindo-se ao meio.

"Oh, meu Deus!", exclamou Mélanie, deixando cair o cajado.

Algo fantasticamente inconcebível a inundava nesse momento e ela se sentiu atraída, com profundo respeito, cheia de amor e o coração batendo mais rapidamente. Viram uma Senhora sentada em uma enorme pedra. Tinha o rosto entre as mãos e chorava amargamente. Mélanie e Maximino estavam com medo e não se mexiam.

 

A Mensagem de La salete.

A Senhora, pondo-se lentamente de pé e cruzando suavemente seus braços, lhes chamou:

- Vinde, meus filhos, não tenhais medo, aqui estou para vos contar uma grande novidade!

Então, as crianças foram até a Bela Senhora. Ela não parava de chorar. "Achávamos que era uma mamãe cujos filhos a tivessem espancado e que se teria refugiado na montanha para chorar".
 A Senhora era alta e toda de luz. Vestia-se como as mulheres da região: vestido longo, um grande avental, lenço cruzado e amarrado as costas, touca de componesa. Rosas coroando sua cabeça, ladeando o lenço e ornando seu calçado. Em sua fronte a luz brilhava como um diadema. Em seus olhos havia lágrimas que rolavam pelas faces. Sobre os ombros carregava uma pesada corrente. Uma corrente mais leve prendia sobre o peito um crucifixo resplandecente, com um martelo de um lado, e de outro uma torquês.

ELA disse:

- Se Meu povo não quer submeter-se, sou forçada a deixar cair o braço de Meu Filho. É tão forte e tão pesado que não o posso mais suster.
Há quanto tempo sofro por vós!
Dei-vos seis dias para trabalhar, reservei-me o sétimo, e não mo querem conceder! É isso que torna tão pesado o braço de Meu Filho.
            E também os carroceiros não sabem jurar sem usar o Nome de Meu Filho. São essas as duas coisas que tornam tão pesado o braço de Meu Filho.
Se a colheita se estraga, e só por vossa causa. Eu vo-lo mostrei no ano passado com as batatinhas: e vós nem fizestes caso! Ao contrário, quando encontráveis batatinhas estragadas, juráveis usando o Nome de Meu Filho. Elas continuarão assim, e neste ano, para o Natal, não haverá mais.

A palavra "batatinhas" (em francês: 'pommes de terre'), deixa Mélanie intrigada. No dialeto da região, se diz "la truffa". E a palavra 'pommes' lembra-lhe o fruto da macieira. Ela se volta então para Maximino, para lhe pedir uma explicação. A Senhora, porém adianta-se dizendo:

- Não compreendeis, meus filhos? Vou dizê-lo de outro modo.

Retomando pois, as últimas frases no dialeto de Corps ('patois'), língua falada correntemente por Maximino e Mélanie, a Senhora prossegue sempre no dialeto:
- ”Se tiverdes trigo, não se deve semeá-lo. Todo o que semeardes será devorado pelos insetos, e o que produzir se transformará em pó ao ser malhado.
Virá grande fome. Antes que a fome chegue, as crianças menores de sete anos serão acometidas de trevor e morrerão entre as mãos das pessoas que as carregarem. Os outros farão penitência pela fome. As nozes caruncharão, as uvas apodrecerão.“


De repente, a Senhora continuou a falar, mas somente Maximino a entendia. Mélanie percebia seus lábios se moverem, mas nada entendia. Alguns instantes depois, Mélanie por sua vez, pode ouvir, enquanto Maximino, que nada mais entende, faz girar o chapéu na ponta do cajado ou, com a outra, brinca com pedrinhas no chão. "Mas nenhuma sequer tocou os pés da Bela Senhora!", excusar-se-ia alguns dias mais tarde. "Ela me disse alguma coisa ao me dizer:Tu não dirás nem isso. Depois, não compreendia mais nada, e durante esse tempo, eu brincava".

Assim a Bela Senhora falou em segredo a Maximino e depois a Mélanie. E novamente, os dois em conjunto ouviram as seguintes palavras:

- Se se converterem, as pedras e rochedos se transformarão em montões de trigo, e as batatinhas serão semeadas nos roçados.
Fazeis bem vossa oração, meus filhos?

- "Não muito, Senhora", respondem as crianças.


- Ah! Meus filhos, é preciso fazê-la bem, à noite e de manhã, dizendo ao menos um Pai Nosso e uma Ave Maria quando não puderdes rezar mais. Quando puderdes rezar mais, dizei mais.
Durante o verão, só algumas mulheres mais idosas vão à Missa. Os outros trabalham no domingo, durante todo o verão. Durante o inverno, quanto não sabem o que fazer, vão à Missa zombar da religião. Durante a Quaresma vão ao açougue como cães.
Nunca vistes trigo estragado, meus filhos?

- "Não Senhora", responderam eles.

Então Ela se dirigiu a Maximino:

- Mas tu, meu filho, tu deves tê-lo visto uma vez, perto de Coins, com teu pai. O dono da roça disse a teu pai que fosse ver seu trigo estragado. Ambos fostes até lá. Ele tomou duas ou três espigas entre as mãos, esfregou-as e tudo caiu em pó. Ao voltardes, quando estaveis a meia hora de Corps, teu pai te deu um pedaço de pão dizendo-te: "Toma, meu filho, come pão neste ano ainda, pois não sei quem dele comerá no ano próximo, se o trigo continuar assim".

Maximino respondeu:

- "É verdade, Senhora, agora lembro. Há pouco não lembrava mais".

E a Bela Senhora concluiu, não mais em dialeto 'patois', e sim em francês:

- Pois bem, meus filhos, transmitireis isso a todo o meu povo.

Então ela seguiu até o lugar em que haviam subido para ver onde estavam as vacas. Seus pés deslizavam, tocando apenas a ponta da grama, sem dobrá-la. Na colina, a Bela Senhora se deteve. Mélanie e Maximino correram até ela para ver onde ia. A Senhora se eleva rapidamente, permanecendo por uns minutos a alguns metros de altura (3 ou 5 m). Olhou para o céu, olhou à sua direita (na direção de Roma?), à sua esquerda (na direção da França?), olhou para os dois meninos, e se confundiu com o globo de luz que a envolvia. Este então subiu até desaparecer no firmamento.

 

Depois da aparição.

No início, poucos acreditavam no que os dois jovens diziam ter visto e ouvido. Os camponeses que os haviam contratado se surpreendiam com o fato de que, sendo eles tão ignorantes, fossem capazes de transmitir e relatar uma mensagem tão complicada tanto em francês (que não entendiam bem) como em 'patois', em que descreviam exatamente o que diziam.

Na manhã seguinte, Mélanie e Maximino foram levados ao pároco. Era um sacerdote de idade avançada, muito generoso e respeitado. Ao interrogar os dois, ouviu todo o relato, diante do qual ficou muito surpreso e realmente considerou que diziam a verdade. Na missa do domingo seguinte, falou da visita da Senhora e seu pedido. Quando chegou aos ouvidos do Bispo que o pároco havia falado da aparição no púlpito, este foi repreendido e substituído por outro sacerdote. Isso não é de surpreender, pois a Igreja é muito prudente em não fazer juízos apressados sobre aparições.

Mélanie e Maximino eram constantemente interrogados por curiosos e por devotos. Simplesmente contavam a mesma história. Aos que estavam interessados em subir a montanha, mostravam o local exato onde a Senhora havia aparecido. Várias vezes foram ameaçados de prisão se não negassem o que continuavam a dizer. Sem nenhum temor e hesitação, relatavam a todos as mensagens que a Senhora havia dado.

Surgiu uma fonte no lugar onde a Senhora havia aparecido e a água corria colina abaixo. Muitos milagres começaram a acontecer.
As terríveis calamidades anunciadas começaram a se cumprir. A terrível escassez de batatas de 1846 se espalhou, especialmente na Irlanda, onde muitos morreram. A escassez de trigo e milho foi tão severa, que mais de um milhão de pessoas na Europa morreram de fome. Uma enfermidade atacou as uvas em toda a França. Provavelmente o castigo teria sido pior se não fosse pelos que aceitaram a mensagem de La Salette. Muitos começaram a ir à missa. As lojas eram fechadas aos domingos e as pessoas pararam de fazer trabalhos desnecessários do dia do Senhor. Os xingamentos e as blasfêmias foram diminuindo.



A Aprovação Eclesiástica

Esta Aparição da Virgem Santíssima que aconteceu na França em 1846, e foi reconhecida e aprovada pela Igreja, em 1851.
O Bispo de La Salette encarregou a dois teólogos a investigação da aparição e de todas as curas registradas. Durante cinco anos fizeram as mais minuciosas investigações. Em toda a França, em aproximadamente oitenta lugares diferentes, os bispos encarregaram sacerdotes que investigassem as curas milagrosas através das orações a Nossa Senhora de La Salette e da água da fonte. Centenas de graças foram registradas.

O Santo Padre Pio IX aprovou a devoção a Nossa Senhora de La Salette. Pediu aos jovens que lhe enviassem o relato dos segredos por escritos.
Tempo depois dirá o Santo Padre:

"Estes são os segredos de La Salette; se o mundo não se arrepender, perecerá".


As Palavras do Papa João Paulo II, sobre La Salette:

"Neste lugar, Maria, a mãe sempre amorosa, mostrou sua dor pelo mal moral causado pela humanidade. Suas lágrimas nos ajudam a entender a gravidade do pecado e a rejeição a Deus, enquanto manifestam ao mesmo tempo a apaixonada fidelidade que Seu Filho mantém com relação a cada pessoa, embora Seu amor redentor esteja marcado com as feridas da traição e do abandono dos homens."

Várias congregações foram fundados pela inspiração de La Salette, entre as quais os Missionários e as Irmãos de Nossa Senhora de La Salette, que se dedicam a propagar a mensagem de reconciliação.


Os Segredos de La Salete.


Um segredo importante foi dado pela Virgem a Mélanie, para revelá-lo anos mais tarde. Maximino assegurou que a Virgem disse algo a Mélanie, que ele não ouviu. Esse segredo, no entanto, não está incluído na aprovação dada pela Igreja à aparição, pois foi divulgado posteriormente.

O segredo somente foi publicado em sua totalidade em uma brochura, em Lecce, no ano de 1879. Ao Papa da época, Pio IX, o texto do segredo foi entregue em 18 de julho 1851.

Seguem-se as palavras de Nossa Senhora ditas a Mélanie em 19 de setembro de 1846:

- "Mélanie, o que eu te vou dizer agora não será um segredo para sempre. Tu podes publicá-lo em 1858".


1- Os sacerdotes, ministros de meu Filho, os sacerdotes, por causa da sua vida má, pelas suas irreverências e pela sua impiedade ao celebrar os santos mistérios, pelo amor ao dinheiro, o amor às honras e aos prazeres, os sacerdotes converteram-se em cloacas de impureza. Sim, os sacerdotes provocam a vingança e a vingança pende sobre suas cabeças.
Ai dos sacerdotes e pessoas consagradas a Deus que pelas suas infidelidades e más vidas crucificam meu Filho de novo! Os pecados das pessoas consagradas a Deus clamam ao Céu e atraem vingança, e eis que a vingança está às suas portas, porque já não se encontra ninguém para implorar misericórdia e perdão para o povo. Já não há almas generosas, já não há ninguém digno de oferecer a Vítima sem mancha ao Eterno, pelo mundo. 

2- Deus vai castigar de uma maneira sem precedentes. Ai dos habitantes da Terra! Deus vai esgotar a sua cólera e ninguém poderá fugir a tantos males juntos.
Os chefes, os condutores do povo de Deus, descuraram a oração e a penitência, e o demônio obscureceu as suas inteligências. Tornaram-se naquelas estrelas errantes, que a antiga serpente arrastará com a sua cauda para os fazer perecer. Deus permitirá que a antiga serpente ponha divisões entre os soberanos, em todas as sociedades e em todas as famílias. (A humanidade) sofrerá penas físicas e morais. Deus abandonará os homens a si mesmos e enviará castigos que se hão de suceder durante mais de trinta e cinco anos.

3- A sociedade está às vésperas das mais terríveis calamidades e dos mais graves acontecimentos. Deverá esperar vir a ser governada com vara de ferro e beber o cálice da cólera de Deus.
Que o Vigário de meu Filho, o Sumo Pontífice Pio IX, não saia de Roma depois de 1859; mas que seja firme e generoso, que combata com as armas da fé e do amor. Eu estarei com ele.
Que desconfie de Napoleão (Napoleão III): o seu coração é falso, e quando ele quiser ser, ao mesmo tempo, Papa e Imperador, Deus Se retirará dele. Ele é aquela águia que, querendo sempre subir mais alto, cairá sobre a espada de que se queria servir para obrigar os povos à submissão.

4- A Itália será castigada pela sua ambição, por querer sacudir o jugo do Senhor dos Senhores; também ela será entregue à guerra. O sangue correrá por todos os lados; as igrejas serão fechadas ou profanadas; os sacerdotes e religiosos serão perseguidos; irão fazê-los morrer, e morrer de morte cruel. Muitos abandonarão a fé, e o número de sacerdotes e religiosos que apostatarão da religião verdadeira será grande; entre estes haverá até mesmo Bispos.

5- Que o Papa se acautele contra os fazedores de milagres, porque chegou o tempo em que se hão de operar os mais espantosos prodígios na terra e no ar.

6- No ano de 1864, serão libertados do Inferno Lúcifer com um grande número de demônios; eles abolirão a fé pouco a pouco, mesmo nas pessoas consagradas a Deus. Irão cegá-las de tal forma que, salvo se elas forem abençoadas por uma graça especial, essas pessoas assimilarão o espírito desses anjos maus. Muitas casas religiosas perderão completamente a fé e muitas almas se irão perder.

7- Os livros maus abundarão na Terra e os espíritos das trevas espalharão, por toda a parte, um relaxamento universal por tudo o que seja serviço de Deus; e terão um enorme poder sobre a natureza. Haverá igrejas dedicadas ao culto desses espíritos. Certas pessoas serão transportadas de um a outro lugar por esses maus espíritos, e até sacerdotes, porque eles não serão conduzidos pelo bom espírito do Evangelho, que é um espírito de humildade, de caridade e de zelo pela glória de Deus.
Em algumas ocasiões, os mortos e os justos serão trazidos de volta à vida (isto é, esses mortos tomarão a aparência das almas justas que viveram na Terra, para melhor seduzir os homens. Esses ditos mortos ressuscitados não serão mais do que o demônio sob as suas figuras, e pregarão outro evangelho, contrário ao do verdadeiro Jesus Cristo, negando quer a existência do Céu, quer ainda a existência das almas dos condenados. Todas essas almas aparecerão como que unidas aos seus corpos). E serão vistos, por toda a parte, prodígios extraordinários, porque a fé verdadeira se extinguiu e a falsa luz ilumina o mundo. Ai dos Príncipes da Igreja que se tenham apenas dedicado a acumular riquezas e salvaguardar a sua autoridade, e a dominar com orgulho!

8- O Vigário do meu Filho terá muito que sofrer, porque por um tempo a Igreja será entregue a grandes perseguições - será o tempo das trevas. A Igreja terá uma crise medonha.
Esquecida a santa fé de Deus, cada indivíduo quererá governar-se por si mesmo e ser superior aos seus semelhantes. Serão abolidos os poderes civis e eclesiásticos, toda a ordem e justiça serão calcadas aos pés. Só se verão homicídios, ódios, inveja, mentira e discórdia, sem amor pela pátria e pela família.

9- O Santo Padre sofrerá muito. Estarei com ele, até o fim, para receber o seu sacrifício. Os malvados atentarão muitas vezes contra a sua vida, sem poder pôr fim aos seus dias; nem ele, porém, nem o seu sucessor (Nota escrita por Mélanie na margem de seu exemplar: 'que não reinará por muito tempo') verão o triunfo da Igreja de Deus.

10- Todos os governantes civis terão o mesmo plano, que será o de abolir e fazer desaparecer todo o princípio religioso, para dar lugar ao materialismo, ao ateísmo, ao espiritismo e a toda espécie de vícios.
No ano de 1865, será vista a abominação nos lugares santos. Nos conventos, as flores da Igreja estarão putrefatas, e o demônio se converterá no rei dos corações. Que os que estão à frente das comunidades religiosas vigiem as pessoas que irão receber, porque o demônio usará de toda a sua malícia para introduzir nas ordens religiosas pessoas dadas ao pecado, pois as desordens e o amor aos prazeres da carne estarão espalhados por toda a Terra.

11- A França, a Itália, a Espanha e a Inglaterra estarão em guerra; o sangue correrá pelas ruas; o francês lutará contra o francês, o italiano contra o italiano, e depois haverá uma guerra geral, que será medonha. Por um tempo, Deus irá esquecer-Se da França e da Itália, porque o Evangelho de Jesus Cristo já não é conhecido. Os malvados desenvolverão toda a sua malícia; os homens irão matar-se e assassinar-se, até dentro das casas.
Ao primeiro golpe da sua espada fulminante, as montanhas e a natureza inteira estremecerão de espanto, porque as desordens e os crimes dos homens traspassam a abóbada do Céu. Paris será queimada e Marselha engolida. Várias grandes cidades serão abaladas e soterradas por terremotos. As pessoas acreditarão que tudo estará perdido. Não se verá mais do que homicídios, não se ouvirá senão os ruídos das armas e blasfêmias.

12- Os justos sofrerão muito; as suas orações, a sua penitência e as suas lágrimas subirão ao Céu e todo o povo de Deus pedirá perdão e misericórdia, e implorará a minha ajuda e intercessão.
Então, Jesus Cristo, por um ato da Sua Justiça e da Sua Misericórdia para com os justos, mandará os Seus anjos dar morte e todos os Seus inimigos. Num abrir e fechar de olhos, os perseguidos da Igreja de Jesus Cristo e todos os homens escravos do pecado perecerão, e a Terra ficará como um deserto.

13- Então, será feita a paz, a reconciliação de Deus com os homens. Jesus Cristo será servido, adorado e glorificado. A caridade florescerá por toda a parte. Os novos reis serão o braço direito da Santa Igreja, que será forte, humilde e piedosa, pobre, zelosa e imitadora das virtudes de Jesus Cristo. O Evangelho será pregado por toda a parte e os homens farão grandes progressos na fé, porque haverá unidade entre os obreiros de Jesus Cristo e porque os homens viverão no temor de Deus.

14- Essa paz entre os homens não será longa - 25 anos de abundantes colheitas farão esquecer que os pecados dos homens são a causa de todos os males que sucedem à Terra.
Um precursor do Anticristo, com um exército composto de muitas nações, combaterá o verdadeiro Cristo, o único Salvador do mundo; derramará muito sangue e pretenderá aniquilar o culto de Deus, para que se considere a ele como Deus.

15- A Terra será castigada com toda a espécie de pragas (além da peste e da fome, que serão gerais); haverá guerras, até à última, que será feita, então, pelos dez reis aliados do Anticristo, que terão, todos, o mesmo desígnio, e serão os únicos a governar o mundo (Nota de Rodapé: 'Situação prefigurada na atualidade, segundo o parágrafo 10').
Antes que isso aconteça, haverá no mundo uma espécie de falsa paz. Não se pensará senão em divertimentos. Os malvados se irão entregar a todo o gênero de pecados. Porém, os filhos da Santa Igreja, os filhos da fé, os meus verdadeiros imitadores, crescerão no amor de Deus e nas virtudes que me são mais queridas. Ditosas as almas humildes, dirigidas pelo Espírito Santo! Eu combaterei com elas, até chegarem à plenitude dos tempos.

16- A natureza clama por vingança contra os homens e treme de medo à espera do que deve acontecer à Terra, empapada de crimes. Tremei, ó Terra, e vós que fazeis profissão de servir a Jesus Cristo e que, dentro de vós, adorai-vos a vós mesmos. Tremei, porque Deus vos vai entregar ao Seu inimigo, porque os lugares santos estão na corrupção; muitos conventos já não são casas de Deus, mas pastos de Asmodeu e dos seus.
Será durante este tempo que nascerá o Anticristo, de uma religiosa hebraica, de uma falsa virgem, que terá comunicação com a antiga serpente, o mestre da impureza. O seu pai será bispo (Nota de Rodapé: 'Existe um grau maçônico de bispo'). Em seu nascimento, vomitará blasfêmias, terá dentes; numa palavra, será uma encarnação do Diabo. Soltará gritos medonhos, fará prodígios e só se alimentará de impurezas. Terá irmãos que, embora não sendo como ele diabos incarnados, serão filhos do mal. Aos doze anos, chamarão atenção sobre si mesmos pelas rudes vitórias que alcançarão. Bem depressa, irão colocar-se à frente de grandes exércitos, assistidos por legiões do Inferno.

17- As estações mudarão. A Terra somente produzirá frutos maus. Os astros perderão os seus movimentos regulares. A Lua só refletirá uma débil luz avermelhada. A água e o fogo imprimirão ao globo terrestre movimentos convulsivos e horríveis terremotos, que tragarão montanhas e cidades inteiras...
Roma perderá a fé e se converterá na sede do Anticristo.

18- Os demônios do ar, junto com o Anticristo, farão grandes prodígios na terra e nos ares, e os homens se irão perverter cada vez mais. Deus cuidará dos Seus fiéis servidores e dos homens de boa vontade. O Evangelho será pregado por toda a parte e todos os povos e todas as nações conhecerão a verdade!

19- Eu dirijo um urgente apelo à Terra: chamo os verdadeiros discípulos do Deus Vivo, que reina nos céus; chamo os verdadeiros imitadores de Cristo feito homem - o único e verdadeiro Salvador dos homens; chamo os meus filhos, os meus verdadeiros devotos, os que se deram a mim, para que eu os conduza ao meu Divino Filho - aqueles que eu levo, por assim dizer, nos meus braços; chamo os que viveram do meu espírito; chamo, enfim, os Apóstolos dos Últimos Tempos, os fiéis discípulos de Jesus Cristo, que viveram no desprezo do mundo e de si próprios, na pobreza e na humildade, no desprezo e no silêncio, na oração e na mortificação, na castidade e na união com Deus, no sofrimento, e desconhecidos do mundo.
Já é hora de saírem e virem iluminar a Terra. Ide e mostrai-vos como meus filhos queridos. Estou convosco e em vós, desde que a vossa fé seja a luz que vos ilumine nesses dias de infortúnio. Que o vosso zelo vos torne como que famintos da glória e da honra de Jesus Cristo. Combatei, filhos da luz, vós, pequeno número que ainda tendes vista; porque chegou o tempo dos tempos, o fim dos fins.

20- A Igreja será eclipsada, o mundo estará em aflição. Porque, eis que chegam Enoque e Elias, cheios do Espírito de Deus; eles pregarão com a força de Deus, e os homens de boa vontade acreditarão em Deus, e muitas almas serão consoladas. Farão grandes progressos pela virtude do Espírito Santo e condenarão os erros diabólicos do Anticristo.
Ai dos habitantes da Terra! Virão guerras sangrentas e fome, pestes e enfermidades contagiosas; chuvas de uma terrível saraivada de animais, que abalarão cidades, terremotos que engolirão países; vozes serão ouvidas no ar; os homens baterão com a cabeça nos muros, pedirão a morte e, por outro lado, a morte será o seu suplício. O sangue correrá por toda a parte. Quem poderá vencer se Deus não diminuir o tempo da prova? Pelo sangue, as lágrimas e as orações dos justos, Deus Se deixará aplacar. Enoque e Elias serão martirizados. Roma, pagã, desaparecerá. Cairá fogo do céu e consumirá três cidades. Todo o universo será presa de terror e muitos se deixarão seduzir, porque não adoraram o verdadeiro Cristo, que vivia entre eles. Chegou o tempo; o sol está escurecendo; só a fé sobreviverá.

21- Eis o tempo; abre-se o abismo. Eis o rei dos reis das trevas. Eis a Besta com os seus súditos, dizendo-se o salvador do mundo. Irá elevar-se com soberba, pelos ares, para subir até o Céu; será precipitado pelo sopro de São Miguel Arcanjo. Cairá, e a Terra, que há três dias encontrava-se em contínuas evoluções, abrirá o seu seio, cheio de fogo, e ele será precipitado, para sempre, com todos os seus, nos abismos eternos do Inferno.
Então, a água e o fogo purificarão a Terra e consumirão todas as obras do orgulho dos homens, e tudo será renovado - Deus será servido e glorificado."

 
La Salete - França.

Significado Evangélico da mensagem de La Salete

Para ver e compreender.

"Eis porque lhes falo em parábolas: Para que vendo, não vejam, e ouvindo, não ouçam nem compreendam" (Mt 13,13)

Antes de falar, a Senhora se comunica por sinais. Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa, irradia a luz da ressurreição. O brilho de seu rosto é tal que Maximino é incapaz de olhar para Ela o tempo todo, e Mélanie se deslumbra com Sua presença. Suas vestes, como as de Cristo na montanha no dia da Transfiguração, igualmente resplandesce de luz. A luz provém do grande Crucifixo que tem sobre Seu peito. Aparecendo em La Salette, Maria Santíssima continua levando a cabo a missão que recebeu ao pé da Cruz: tomar o sofrimento e a dor por nós, para nos dar vida na Fé. "Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado". (1Cor 2,2).

O crucifixo está entre um martelo e umas torqueses, os instrumentos da Paixão. Dos ombros da formosa Senhora cai uma corrente grossa, símbolo bíblico do pecado e das injustiças cometidas por nós contra nossos irmãos. Paralelamente às correntes, nas bordas do xale, a formosa Senhora tem rosas de várias cores. Isto nos recorda o Rosário. Desde nossas raízes humanas até à Cruz e da Cruz à glória e ao festim celeste. Também há rosas ao redor de Sua cabeça, como um diadema de luz e ao redor de Seus pés. "Lancei raízes no meio de um povo glorioso, cuja herança está na partilha de meu Deus... Cresci como a palmeira de Cades, como as roseiras de Jericó" (cf. Eclo 24,16-18).

A Constituição Gaudium et Spes (13) do Concílio Vaticano II nos diz: "Daí que o homem está dividido dentro de si mesmo. Por isso toda vida humana, individual ou coletiva, se nos apresenta como uma luta dramática, entre o mal e o bem, enrre as trevas e a luz. Mas o homem ainda se encontra incapacitado para resistir eficazmente por si mesmo aos ataques do mal, até sentir-se como acorrentado".


 
Ouvi e ponde em prática (Lc 6,46; 8,21; 11,28, Tg 1,25-27)


Pela maternal caridade da Virgem Santíssima, Ela intercede, Ela Se preocupa e continua trazendo os dons da salvação eterna a nós, irmãos de Seu Filho, que ainda estamos peregrinando nesta terra, rodeados de perigos e dificuldades até o dia de entrar na pátria feliz.

A Santíssima Virgem fala o idioma de Seu povo. A Virgem Santíssima é uma "filha de Israel" que viveu em uma cultura específica. Ela aparece também Se comunicando segundo a cultura de Seus filhos. Há uma grande consonância entre sua preocupação e a linguagem do povo. Na Bíblia, a Palavra de Deus se manifesta de uma maneira concreta na história do povo de Deus. Maria como filha de Israel nos ensina a descobrir, através dos eventos e situações da vida, a presença discreta de Deus que "faz maravilhas" e que "se recorda de seu amor por seu povo".

Ela nos chama à conversão urgentemente. Por Seu imenso amor, preocupa-se com nossa indiferença religiosa e com nossos pecados, mas também com nossos problemas e esperanças.

A Virgem se situa na tradição dos profetas. Um profeta é aquele a quem Deus confia a missão de falar em Seu Nome ao povo, para revelar a esse povo, nos eventos passageiros deste mundo, a chamada a um amor maior. Em La Salette, a Virgem considera a situação atual das colheitas: o trigo, as batatas, as uvas e as nozes. Ela começa com a previsão pessimista dos agricultores: fome e morte infantil se o trigo continuar assim. Diz que nós não prestamos atenção e logo chama a atenção de cada um: "Portanto se convertam". Recorda-nos a chamada dAquele que é a Palavra: O reino de Deus está próximo: convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15), e novamente nos diz: "Não vos preocupeis, buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça (Mt 6,33).

Na verdade é uma chamada do Evangelho que talvez tenhamos esquecido e a Virgem Santíssima nos recorda. Analisando seu discurso, damo-nos conta das grandes verdades encontradas nos Evangelhos.
Tudo se concentra em Cristo: Cristo crucificado e ressuscitado. O papel de Maria Santíssima com relação a todo crente é unir-nos a Jesus, em nossas lutas, batalhas e sacrifícios temos a oportunidade de ser transfigurados em Cristo.


Em Nome de Cristo te imploramos ( Jo 20,31; Atos 4,12)

A Virgem Santíssima, tomando por modelo Jesus ressuscitado, vem como mensageira de paz, essa paz que é fruto do Evangelho vivido. A Virgem vem nos implorar que retornemos a Jesus. Pede-nos também que, em união com ela, sejamos mensageiros. A Boa Nova precisa ser proclamada, ouvida e difundida.

A Virgem disse: "Se meu povo não quiser se submeter..." Nestes tempos modernos é difícil ouvir palavras de advertência. Mas a Virgem não vem nos tirar a liberdade nem para nos ameaçar, mas para nos convidar a viver no reino e liderança de Cristo, em comunhão com Sua vontade. Esta submissão, a qual é comunhão com Deus, é a que Maria, a humilde escrava do Senhor, viveu desde a Anunciação até a Crucifixão e o Pentecostes. E é por isso que todas as gerações chamá-la-ão bendita (Lc 1,48).

Jamais poderemos recompensar a dor que a Virgem sofreu por nós, mas isso é motivo para respondermos o mais generosamente possível. "Por tanto, ofereçam todos os fiéis súplicas constantes à Mãe de Deus e Mãe dos homens, para que Ela, que esteve presente às primeiras orações da Igreja, exaltada agora no céu sobre todos os bem-aventurados e os anjos, na comunhão de todos os santos, interceda também diante de Seu Filho" (Conc Vat II, LG, 69).


Reconciliai-vos com Deus (cf. Mt 5,23; Mc 11,24; 2Cor 5,18; Ef 2,15 )


Nossa Senhora especifica duas rejeições do povo. "As duas coisas que fazem o braço de Meu Filho tão pesado" são:

1. "O desrespeito ao Dia do Senhor". Isto nos leva a recordar os dois primeiros Livros da Bíblia, o Gênesis e o Êxodo, e a recordar que desde o princípio os cristãos celebram o domingo como dia da Ressurreição. Como honramos o Dia que o Senhor reservou para Si mesmo? É de fato um dia de repouso, dia de assistir à Santa Missa?

2. "O desrespeito ao Nome de Meu Filho". Os que usam o Nome de Cristo pelas menores adversidades e impõem a Deus a responsabilidade por elas, esquecendo-se assim das próprias responsabilidades. Quando nos vemos assediados por todo tipo de provas, egoistamente nos fechamos em nós mesmos sem esperança. A Vifgem vem recordar-nos novamente que "Santo é Seu Nome", porque não há debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos (Atos 4,12). E tudo quanto fizerdes, de palavra e de obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai (Col 3,17).

(O homem), muitas vezes ao negar reconhecer a Deus como seu princípio, transtornou, além disso, sua devida ordenação a um fim último e, ao mesmo tempo, prejudicou todo o programa traçado para suas relações consigo mesmo, com todos os homens e com toda a criação (Conc. Vat II, Gaudium et Spes,13).

As coisas que se corroem (cf. Mt 6,19; Lc 12,13; Tg 5,3)


A rebelião contra Deus, que significa "a morte de Deus em nós" inevitavelmente nos levará à morte e à ruptura harmoniosa com o universo. Essa ruptura é a causa da corrupção. Para nos redimir desses males é que veio Nosso Senhor. Em La Salette, a Virgem não nos tira da realidade, mas ao contrário, nos faz um chamado urgente para reconhecermos os perigos em que vivemos e nos abramos à redenção que oferece Seu Filho. As colheitas e batatas podres, o trigo que se torna pó, as nozes vazias, as uvas nas vinhas estragadas, fomes e epidemias, tudo isso é causado pelo pecado.

Nossa situação precária e a duração restrita de nossas vidas têm, no entanto, um ponto positivamente elevado, sendo estes motivos que nos chamam à própria conversão, instando-nos ao seguimento de Cristo, vivendo hoje a vida nova que Ele viveu até o Calvário. Essa é a fonte de nossa confiança. Nesta terra onde duas terças partes da humanidade hoje sofrem de fome e desnutrição, onde os direitos humanos são desrespeitados, a injustiça se encontra à nossa porta, os riscos da destruição aumentam; que tudo isto nos faça meditar nos "sinais de Deus" e nos voltem a Ele. Assim agiremos como verdadeiros irmãos, em especial com os menos afortunados.

Se se converterem (cf. Ez 18,30; 1Rs 8,35; Mc 1:15; Lc 15; Atos 2,38; 3,19)

O chamado à conversão está no coração da mensagem de La Salette. Tudo se dirige para esse fim: as lágrimas e o crucifixo, a luz e as rosas, as atitudes da Bela Senhora, seu caminhar desde o declive até o cume, mas sobretudo o discurso da Virgem. "Regressai a Deus com todo o vosso coração", Ele é a única fonte de vida.
A ansiosa espera da criação deseja vivamente a revelação dos filhos de Deus... na esperança de ser libertada da corrupção para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus (Rm 8,19).


O caminho para a conversão: três pontos (Mt 6,5; Mc 14,32; Lc 18,1; Jo 17)


1. Oração perseverante e profunda: "Fazeis bem vossas orações?" "Não muito bem, Senhora", responderam. Talvez também essa seja nossa resposta. A Virgem Santíssima nos exorta a rezar diariamente, pela manhã e pela tarde. Vigiai e orai (Mt 26,41). A Virgem lhes pede no mínimo, um Pai Nosso e uma Ave Maria, mas exorta-os a ir mais além quando puderem.
Os discípulos de Cristo, perseverando na oração e louvor a Deus (Atos 2,42), oferecer-se-ão a si mesmos como hóstia viva, santa e grata a Deus (Rm 12,1), hão de dar testemunho de Cristo em todo lugar e, a quem lhes pedir, hão de dar também a razão da esperança que têm na vida eterna (1Pd 3,15) (Conc Vat II, LG, 10).

2. Participação na Santa Missa: "Durante o verão somente algumas mulheres idosas vão à Missa". A participação semanal como cristãos na celebração da Missa Dominical é uma necessidade vital. A Palavra de Deus nutre nossa fé, o contato com Cristo na fração do pão para um novo mundo é fonte de dinamismo, a comunhão com Seu Corpo entregue por nós e Seu Sangue derramado nos recorda que devemos estar prontos para dar nossas vidas pelos outros e então nos fazer participantes, sendo fortalecidos em Seu Espírito. No coração deste mundo que passa e ao qual estamos ainda ligados por nossa cegueira e inércia, a Igreja, na celebração da Eucaristia, compreende e anuncia que o mundo novo, inaugurado por Cristo ressuscitado, está realmente presente entre nós, e é ncessário que sejamos suas testemunhas em nossa vida cotidiana, através de nossa conduta individual e como membros da sociedade. A necessidade eucarística então é fonte de esperança e de gozo que ninguém nos poderá tirar (Lc 21,14; Jo 13,1; 20,19-26).

3. Recuperar nossa dignidade agindo como cristãos: "Durante a Quaresma vão ao açougue como cães". Longe de nos escandalizar, as palavras de Nossa Senhora deveriam transpassar nossas consciências. Nas Sagradas Escrituras, quando o povo é comparado com cães significa que este perdeu o sentido de sua dignidade (Fl 3,2; Mt 7,6). O que fazemos realmente com nossa dignidade de filhos de Deus, quando desperdiçamos o alimento, quando menostrezamos os bens de que talvez outros necessitem? Para recuperar nossa dignidade devemos nos dar conta de que não só de pão vive o homem e que os esforços necessários que fizermos para compartilhar nossas bênçãos com os outros nos põe em comunhão com o Filho de Deus, de Quem procede nossa dignidade. "Em verdade vos digo que o que fizerdes a um destes irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,40).

Todo ano se nos apresenta o maravilhoso testemunho dado por Jesus durante sua Paixão (1Tm 6) e é uma recordação de que nunca devemos "vender" nossa dignidade. O poder da ressurreição está entre nós, obrande e fazendo-nos filhos de Deus. Então não pode haver nada que nos comprometa com a falsidade, a injustiça, o dinheiro ou o poder. Não vivamos como cães mas que todo o nosso ser e nossos bens estejam à disposição do Pai, custe o que custar.

Na fazenda de "Coins" (Jr 23,24; Os 6,1; Mt 28,20; Lc 24,29; 2Cor 6,16).

A Bela Senhora faz menção, a Maximino, de um evento aparentemente sem importância. Um pequeno gesto e uma observação que seu pai havia feito. Por muito tempo o senhor Giraude não ia à igreja e era realmente indiferente à religião. Quando em 20 de setembro ouviu o relato da Aparição, sua reação foi proibir seu filho de dizer novamente essas histórias sem sentido. Dias mais tarde, aborrecido pelo ir e vir das pessoas interessadas em fazer perguntas a Maximino, ameaçou-o de duros castigos. "Mas, papai, Ela me falou de ti", exclamou o menino. Recordou a ele o episódio do trigo estragado na fazenda de Coins e o pedaço de pão que havia dado a seu filho de volta a Corps. Assim, como Maximino havia se esquecido do incidente, igualmente o havia esquecido seu pai. O senhor Giraud se surpreende, pensava que talvez havia desterrado Deus de sua vida e agora descobre que nem seguer por um instante Deus deixa de perceber suas esperanças e ansiedades e em particular do temor de não ter mais pão para dar a seu filho. Essa descoberta será o começo de uma autêntica conversão que será intensificada mais tarde com a milagrosa cura de sua asma crônica.
Poderíamos nos perguntar se realmente estamos conscientes da presença de Deus que nos acompanha a onde quer que vamos. Quando repartimos o pão, quando o distribuímos entre os faminos, onde quer que se dê vida, aí o Pai está, pos Ele é a fonte da Vida.


A dimensão Missionária é urgente (Mt 28,18; Lc10,1; Jo 17,18; 20,21; Rm 10,13).

"Pois bem, meus filhos, transmitireis isto a todo meu povo". A dimensão missionária é essencial para todo cristão e Nossa Senhora no-lo recorda. Cristo nosso Senhor veio criar novas condições de vida, reconciliada com Deus e com o próximo. Devemos dedicar nossa existência a realizar esta vida de reconciliação neste mundo dividido no qual nos encontramos. A Reconciliação é a força viva capaz de abrir o futuro a todas as gentes, renovando assim os laços cortados ou debilitados pelo egoísmo e pelos temores. Neste mundo onde tantos trabalham, contróem, sofrem e esperam, tenhamos somente um tipo de obsessão: a obsessão missionária.

São muitos os peregrinos que se aproximam da Aparição de La Salette e sobem a montanha santa. Todos juntos e cada um pessoalmente se sente chamado pela Bela Senhor que nos recorda que Deus "rico em misericórdia" está presente na vida de cada um.

Como não dar atenção diante de tanta ternura? Como resistir ao pranto incessante daquela que ora e intercede por nós sem cessar? Ela está junto a nós com sua atenção materna, em cada detalhe e acontecimento de nossas vidas. Em nossas lutas e penas, em nossas decisões enossas aflições diárias. Maria Santíssima, fiel à missão recebida no Calvário, nunca cessa de nos recordar os meios que nos foram dados para regressar a Seu Filho; pois sem Sua ajuda não poderemos construir nossas vidas ou nosso mundo. A rejeição de Sua graça traz sérias conseqüências. Maria, nossa advogada e reconciliadora veio a La Salette recordar-nos esta verdade.

Esquecemo-nos das verdades do Evangelho e, ao contemplar sua aparição e aprofundar-nos em suas palavras, devemos mover-nos a responder a seu chamado, aliviando sua dor, e nxugando suas lágrimas, retornando a Deus com todo o nosso coração, através de Seu Filho Jesus Cristo, Que é o Caminho, a Verdade e a Vida. O que foi crucificado por nossos pecados e ressuscitou dentro os mortos para nossa salvação. Jesus, nossa paz e reconciliação.