segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Os Cardeais se reunirão em Conclave para Eleição do novo Pontífice.

MEDIDAS PRÓXIMAS A SEREM TOMADAS

Segundo o porta-voz do Vaticano, a Santa Igreja deve ter um novo Papa até a festa da Páscoa, no próximo dia 31 de março: “Temos de ter um novo Papa na Páscoa”, afirmou. O conclave deve ser realizado de 15 a 20 dias após a renúncia.
No Código de Direito Canônico, no artigo 332.2, se prevê a possibilidade de um papa renunciar, mas precisa fazê-lo por sua livre vontade, e não é necessário que sua renúncia seja aceita por ninguém. Segundo o código, uma vez tendo renunciado, o papa não pode mais voltar atrás.
Após a renúncia ou morte do papa, os assuntos da Santa Igreja ficam sob a responsabilidade do Cardeal Decano ou Camerlengo, no caso atual será o Cardeal Decano do Colégio Cardinalicio:



O Decano do Colégio dos Cardeais: 
Sua Eminência Reverendíssima Dom Angelo Cardeal Sodano.




O Cardeal Secretário de Estado Carmerlengo da Câmara Apostólica: 
Sua Eminência Reverendíssima Dom Tarcisio Cardeal Bertone.

Ele convocará o conclave, reunindo todos os cardeais da Igreja Católica no Vaticano. Eles ficarão isolados em celas particulares e se reunirão na Capela Sistina duas vezes por dia para votar, durante o tempo que for necessário para a eleição do novo Pontífice. O voto é secreto. A votação é feita em papel. Para que um papa seja eleito o candidato deverá ter a maioria dos votos, ou seja, metade mais um. Depois de cada sessão, os papéis da votação são queimados. Se não houver uma definição, uma substância química é adicionada aos papéis para produzir uma fumaça escura, que sai pela famosa chaminé que poderá ser avistada da Praça de São Pedro. Se houver uma definição, a fumaça é branca. Assim sendo, reviveremos novamente a emoção de ouvir na sacada principal da Basílica Vaticana: ‘Habemus Papam!’

CASOS DE RENÚNCIA DE PONTIFICADO

A notícia-supresa da renúncia de Bento XVI nos fazem lembrar que não é a primeira vez que isto acontece: em 235 Ponciano renunciou ao pontificado; Silvério em 537; João XVIII em 1009; Bento IX em 1045; em 13 de dezembro de 1294 Celestino V; em 4 de junho de 1415 Gregório XII.



Papa Celestino V

Depois da morte de Nicolau IV, ao longo de mais de dois anos os cardeais não conseguiram chegar a um acordo quanto à escolha de seu sucessor, por conta das divisões entre as facções dos Collona, dos Orsini e dos Anjou. Roberto Monge, em seu ‘Dois Mil anos de Papas’, afirma que em 1294 a escolha recaiu sobre o nome de Pietro Del  Morrone. O seu nome de batismo era Pietro Angeleri. Nasceu no seio de uma família humilde de camponeses da região dos Abruzos, e com 20 anos ingressou no mosteiro beneditino de Faifoli, perto de Benevento.
Foi ordenado sacerdote ainda jovem. Em 1245 tinha se retirado para a Maiella, onde deu origem a uma ordem religiosa, a Ordem dos Celestinos, e que abraçava a regra de São Bento, mas de um modo mais rígido e austero. Foi aí que uma delegação de Cardeais veio ao seu encontro para lhe comunicar que fora eleito para o trono pontifício. Depois de muito pensar, em obediência à vontade divina e talvez na esperança de poder renovar a Igreja, Pietro Del Morrone aceitou a nomeação, e sob o nome de Celestino V foi consagrado na Igreja de Santa Maria de Collemaggio (em Áquila), a 29 de agosto de 1294. A fim de que não se repetisse no futuro uma tão longa vacância da Santa Sé, o novo Papa restabeleceu as disposições de Gregório X quanto ao conclave.
Em breve, porém, esmagado pelo peso dos assuntos da Cúria, constatando que os seus esforços de moralização continuavam sem produzir efeito, e amargurado com as baixas intrigas que se praticavam na corte papal, renunciou aos seus projetos de reformar a Igreja numa direção evangélica. A 13 de dezembro de 1294, convocou um consistório em que anunciou a sua renúncia formal ao papado, dando ao colégio dos Cardeais a plena faculdade de eleger um novo pastor para a Igreja. Depois se despojou das insígnias pontifícias e voltou a vestir os hábitos monásticos. O seu regresso à vida de eremita levantou um enorme clamor.  Celestino V voltou para o seu deserto, na Maiella, para se dedicar à oração e à mortificação. Ele morreu no dia 19 de maio de 1296, e foi sepultado na igreja de Santa Maria de Collemaggio, em Áquila, onde tinha sido coroado papa. Em 1313 foi canonizado pelo Papa Clemente V.


Visita de Bento XVI a Sulmona - Itália em 4 de julho de 2010, por conta do 8º centenário de nascimento de Celestino V. Na ocasião o Papa doou seu antigo pálio, depositando-o sob o caixão de vidro com as relíquias de Celestino.

Papa Gregório XII


Ângelo Correr nasceu em Veneza em 1325, numa nobre e antiga família.  Foi Bispo de Veneza, delegado papal em Nápoles e Cardeal presbítero de São Marcos.  Foi eleito Papa aos 80 anos de idade, a 30 de novembro de 1406, e a consagração ocorreu a 19 de dezembro.  Ângelo tomou o nome de Gregório XII. Passados poucos dias divulgou a intenção, já expressa no Sacro Colégio antes de sua eleição, de renunciar ao trono papal para pôr fim ao Cisma do Ocidente, se ao mesmo tempo renunciasse também o antipapa Bento XIII, que continuava a reinar em Avignon. Na prática, nenhum dos dois abdicou.
Reunido em Pisa em 1409, o Sacro Colégio decidiu então depor quer Bento XIII, quer Gregório XII, e elegeu papa Alexandre V. Isto não só não resolveu o cisma como ainda o agravou mais: agora havia não apenas dois, mas três Papas. Alexandre V, de seu nome Pedro Filargo, nascera em Gândia, numa família muito pobre. Os franciscanos acolheram-no e deram-lhe estudos. As suas qualidades intelectuais levaram-no a frequentar as Universidades de Oxford e Paris. Galeazzo Visconti, impressionado com a sua vasta erudição, convidou-o a ser professor e teólogo da Corte. Foi mais tarde nomeado Cardeal Bispo de Milão por Inocêncio VII.
Ao morrer Alexandre em 1410, sucedeu-lhe Baldassarre Cossa, com o nome de João XXIII. Natural de Nápoles tinha sido Arcebispo de Bolonha e Bispo de Isquia antes de Gregório XII o nomear Cardeal.
Para resolver a questão das nomeações papais, pediu-se a intervenção do Rei da Alemanha. Sigismundo convocou um Concílio em Constança, (1414-1418). Gregório XII fez chegar a este Concílio, através de um delegado, a sua disponibilidade para renunciar, condicionada apenas pela renúncia simultânea de Bento XIII e João XXIII
Alguns Cardeais, recorrendo à teoria da superioridade do Concílio sobre o Papa, e levando em consideração a disponibilidade anunciada por Gregório XII, decidiram exercer a sua autoridade para depor quer João XXIII, quer Bento XIII, que devem ser assim considerados antipapas. Gregório XII apresentou a sua própria demissão a 4 de julho de 1415, o que permitiu a eleição do Papa Martinho V, pondo fim ao Cisma do Ocidente.
Gregório foi recompensado com a nomeação para Bispo do Porto (Sicília) delegado perpétuo/ vitalício da Marca de Ancona e Decano do Sacro Colégio. Retirou-se para Recanati, onde morreu a 18 de outubro de 1417, algumas semanas antes da eleição do novo Papa Martinho V. Foi sepultado na catedral de Recanati.

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